quinta-feira, 21 de maio de 2009

 

OVERPATOLOSE

Rolou na cama a noite inteira, pensou na forma menos traumática de se matar. Pensou em se pendurar na forca, porém preferiu começar queimando a sola do pé na vela que mantinha acesa em seu quarto.

O pezinho do menino queimou todinho. Foi ao hospital, tomou água com sal, beijou a enfermeira no suvaco. Havia nascido ali, o seu esplendor tchutchuca.

-         Emergência! Emergência! Gritava a enfermeira desvairada. Temos mais um caso aqui doutor...e esse já está com o pé necrosado!

Tudo passava em sua mente, desde a bebida da noite anterior ao gosto salgado do couro cabeludo das axilas da enfermeira, quando...viu o reverendo em sua frente, com o doutor do lado. Descobriu na hora o que eles pretendiam fazer, iriam exorcizá-lo... leu um cartaz da prefeitura na parede que falava de uma certa epidemia de possessões!

Começava o pandemônio. Beliscou sorrateiro o padre nas nádegas, jogou a sopinha para o alto, espetou o doutor com a seringa suja de miojinho sem sal de hospital e ali mesmo, se dando alta, gritou:

-         Soltem Barrabás!!! Estou livre para o sempre!

Dalila e Sansão brincavam de pular corda a manhã inteira. Comiam biscoito de castanha de caju. Dançavam e jogavam pôquer. Nem Che Que Pinto lutou nessa revolução sócio-espiritual. Morte a Madonna.

Enquanto corria, sua face deformava-se tornando cada vez mais parecida com o rosto de um marreco. Correu até perceber que o único som que conseguia produzir com as cordas vocais era um esganiçado “queenck queenck”. Foi ali que percebeu que precisaria de ajuda – apesar do seu corpo demoníaco, sua mente ainda era sã.

O pato de Satã deu meia volta; partindo, assim, de volta para o hospital à meia-noite daquele insólito dia.

Lá chegando, o medico que parecia uma bigorna de bigode, tentou tranqüiliza-lo:

-         Filho acalme-se. Aqui te daremos o melhor tratamento! E mandou trazer então um copo de leite estupidamente gelado. O fez beber e lhe explicou: “Aquela sopinha continha ervas daninhas do Oriente Médio. Em doses cavalares produz sensações frenééééééééééééééticas.

E então ele, descobrindo a verdadeira mentira, disse com carinho:

-         Pelos poderes da erva daninha, eu sou “Joaquim-Man”, o homem mais inesquecível do Angola...

Um herói nascia, que pena de rã. No mesmo instante, o céu se abriu e patos do além o abduziram para o além de lá.

O doutor então, num momento de angustia e com um nó na garganta disse: “Viajou grandão o cara...”

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sábado, 2 de maio de 2009

 

LOVE STORY

Na alfândega, o mestre de cerimônias assistia a revista completa de sua mala de zebu africano, quando não mais que desderrepente, lhe dói as tripas. É chegada a hora.

                O anjo da morte exclamou com paixão e ódio:

- Nunca mais mije nas cabeças dos generais da marinha do Chile. Morra bendito ancião azul ventania!

                 E ele, então, expurgou todos os lactobacilos que se rebelavam em seu intestino. De volta, não mais assistia a inusitada cena de revista com complacência, sedento na irascibilidade, gritou com o guarda alfandegário em alvoroço:

- Por favor, preciso de drogas!

- Claro, tenho aqui um Super! Há,há,há... Zombou o alfandeguista, e deu-lhe três, como numa tarde tão linda de sol, ela lhe apareceu, com um sorriso tão triste e um olhar tão profundo, já sofreu...

- A droga de que preciso chama-se “redenção” de porcos caninos. Pago três reais mais um vale refeição por esta maravilha de queijo. Pano de coser nuvens tristes! Que tal?
- Tenho aqui. Só que o guarda não pode ver.

- Mas, o guarda não é o senhor?

-Há,há,há. Ingênuo, tolo, miserável!

-Não estou entendendo nada.

- É que eu sou um agente federal infiltrado, minha função é distribuir brindes de alegria para a moçada bonita, aêêê.

                 E ouviu-se um disparo. Seria um foguete? Seria um tiro? Seria uma vaca? Um porco? Um rinoceronte? Um avião? Não, era o super mouse, defensor dos eletricistas e palhaços carpinteiros. Ilusão ou alusão? Somente comendo um ovo com pão e leite de uva o guardinha descobriria seu lugar ao sol (Apolo pedófilo).

-Não! Você não vai confiscar minha droga! Não, Jamais, por Zeus!

-Hey amiguinho, isto não vai me fazer bem. Vamos fazer o seguinte, dá um tequinho, vou embora e ainda deixo de presa um pedaço de panetone e uma revistinha.

-Jamais poderei deixar isso acontecer. Eu juro amigos!

                Uma grande explosão cósmica aconteceu. Era o flash estragado de uma maquina de lavar corações. Dragões de suco de groselha voavam no mar de romance. Areia do saco caia, bicho comia, cão que mia. Papinha de criança tonta. Tudo não passava (roupa) de uma dourada peça de xadrez teatral. Neste exato momento as drogas todas se esvairiam,   o mestre de cerimônia se lembrou. A missão secreta, o ópio e o restante das drogas pelo criativo, assim como e ele e todo o resto... O verbo, o adjetivo, o predicado, tudo. Onde já se viu? Já se viu? Você se viu? Viu? Ah se viu!

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