terça-feira, 2 de junho de 2009

 

Waldomiro, O Pequeno Saci

Haviam me desafiado no escritório a beber 1 litro de café de uma vez. Esta é a razão da minha condição natural, mental, animal e condicional! Me transfigurei num boi chifrudo e sem medo do perigo deitei o beiço no pretinho como o chifre procura a carne tinta. Depois dessa sonora aventura, começou-me na cabeça uma chuva de tormentas e lírios dos delírios. Segurei-me na cadeira que girava loucamente do eixo atmosférico das rodinhas.

Ursos e anjos  se refestelavam com açúcar mascavo. Saí da cadeira e procurei um hospital para cortar o cabelo e comprar um quilo de carne moída para churrasco. Já me percebia então falando bobagens! Eu era um careca broxa e detestava miúdos!

Meu amigo Lauriano me puxou pelo braço, me tirando de dentro do sanitário onde agonizava. Ainda bem que ele sempre está por perto pra me ajudar. Me deu um sorriso, segurou minha mão na altura do peito, abriu-me a palma destra e ali colocou uma cartucheira de pólvora feita por ele mesmo.

Dali mesmo, do 14º andar, visualizei pela rua um belo alvo que me vislumbrasse. Uma senhorinha de compras na mão, dois homens de escritório que conversavam, um papai sorridente que ia de mãos dadas com seu capetinha, uma –nossa!- deliciosa loira que atravessava a rua e...ahn? Eis que subindo o olhar a janela do prédio de frente, observei um exercito de vendedores de picolé Kibon. O medo era constante, porem raro. Sabia que meu fim estava próximo da prefeitura de Itabira do Norte. Preferi calar meus olhos e fechar meus ouvidos. A novela havia começado, perdão!

-          Vou matar você Lauriano!

-          Para com isso Waldomiro. Vamos comprar um picolé.

-          Sai fora rapaz, eu sou homem!

-          Ihhhh... aaatefuder, rapá!

-          Tá bom, atirarei depois do picolé...quero Frutilli. – Calei-me sorridente, queria um picolé.  - Frutilli Framboesa, desgraçado...Ai de ti!

-          Ahh, vá replicar com o Diabo e me deixa ver a novela...É hoje que a Isadora Augusta vai se revelar para o Ângelo Fernando.

-          Hahahahaha. Estouro-te os miolos se não desligar a maldita TV, maldito, e traga logo o Frutilli.

 

Lauriano então acreditando naquele surto psicótico foi atrás do picolé, afinal Waldomiro jamais perderia a novela. Mas a novela não começou, visto que a Copasa cortara a água do bairro. Waldomiro chorou muito, quis morrer de rir. Comprou uma passagem para Belém e comeu um pastel de Juá. Inanimado e feliz pela exaustão estava este menino. Morreu tremendo de frio e calor. Pintos e frangos dançaram em cima do seu túmulo.  

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Comentários:
quero um picolé de frutilli de framboesa com nabo!!!
 

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